O cheiro do sangue entope os pensamentos
A raiva é fecundada e parida pela pátria
Assassinos do cotidiano,
Como um vírus que destrói toda vida por dentro
O cheiro de sangue foi naturalizado como o odor da nossa sociedade
Argumentos e conceitos foram forjados e inventados para explicarem os atos
Nada explica para um filho a morte de uma mãe e nada matura em uma mãe a morte de um filho
Os princípios de morte natural foram escritos os óbitos são assinados por fardas e Estados
A mentira se alastra com o peso da roupa anti bala, anti ética anti humano
E seguramos a faixa da ordem e do progresso
Tudo por um bem coletivo
Ninguém tira o veneno e o sangue dos olhos de uma criança que perdeu sua mãe arrastada pela rua
Decretamos: perdemos toda e possível dignidade
Na história invisível de um povo, Claúdia foi mais uma que entrou na estatística
E mais um vez choramos sangue