quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Cláudia

 
O cheiro do sangue entope os pensamentos 
A raiva é fecundada e parida pela pátria 
Assassinos do cotidiano, 
Como um vírus que destrói toda vida por dentro 
O cheiro de sangue foi naturalizado como o odor da nossa sociedade
Argumentos e conceitos foram forjados e inventados para explicarem os atos 
Nada explica para um filho a morte de uma mãe e nada matura em uma mãe a morte de um filho
Os princípios de morte natural foram escritos os óbitos são assinados por fardas e Estados
A mentira se alastra com o peso da roupa anti bala, anti ética anti humano 
E seguramos a faixa da ordem e do progresso 
Tudo por um bem coletivo
Ninguém tira o veneno e o sangue dos olhos de uma criança que perdeu sua mãe arrastada pela rua
Decretamos: perdemos toda e possível dignidade
 
Na história invisível de um povo, Claúdia foi mais uma que entrou na estatística 
 
E mais um vez choramos sangue 


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