domingo, 11 de agosto de 2013

Janela quebrada




A Janela da casa transfere a luz do dia, o sol, o reflexo da chuva, os dias cinzentos...
Uma proteção da casa, ela esbarra o vento forte e quando aberta permite a brisa circular
A janela é tão importante quanto à porta, as paredes, as fechaduras...
E agora está estilhaçada, por um golpe de mãos, por um grito, pela moral, pela agonia, pelas horas, pelos minutos, pelas relações, pela vida!
O vento forte não derrubou a janela da minha casa
Mas eu permiti
Que ela se espatifasse
Os estilhaços estão por todas as partes, refletindo no chão o meu vazio!!

  

segunda-feira, 18 de março de 2013

É Fantástico




O mau cheiro era de causar enjoos, muitas pessoas envolvidas, naquela seção quase ninguém podia entrar. A medida que a epidemia se alastrava a cidade ficava mais doente.
Sob o calor dos olhares perdidos, e as peles geladas todos permaneceram calados. Parecia um grande necrotério, onde corpos vagavam sem rumo e quase nenhuma vida permanecia viva.
Tudo era no passado, quase nada presente e nem um fio de esperança para o futuro, uma gente que paga o preço dos erros cometidos e derramados em um passado distante. A cidade vivia em luto permanente, mas ninguém sabia de quem era o corpo sendo velado, um corpo inexistente.
O peso da culpa era o fardo que seria levado até o último suspiro, as vestes negras cobriam a cidade de uma névoa sombria. Ninguém corajoso ou louco demais para colocar uma roupagem colorida, os tecidos eram pesados e sempre escuros.
Mal sem falam entre si, no máximo comprimentos com a cabeça. Era um crime conversar em praça pública, e o hábito público atingiu os lares, ninguém se falava dentro das casas. Famílias inteiras sem conversas.
Olhares esbugalhados transitavam entre ruas e calçadas, sem direção ou rumo, somente transitavam para lá e para cá.
Dizem os mais velhos dos mais velhos que a cidade um dia foi diferente, as pessoas conversavam, eram vivas não se igualavam a zumbis. Havia conversa, falatórios e até fofocas. Mas um dia ela veio e se instalou nas casas, nos bares, nas praças, nos empregos. De começo parecia inocente, bonita e cheia de cores, com músicas e dançarinas. Mas depois foi ficando cadavérica e grotesca. Assassina de subjetividades roubou o pensamento, levou embora a reflexão, matou as fantasias e assinou a utopia. Deixando a cidade em um luto eterno, com o fardo de levar nas costas a alienação.