segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Suspiros




Hoje estou em dores, nenhuma lágrima para me fazer companhia 
Estou parada no estreito da vida, tentando ver meu caminho 
Me perdi para me achar, mas cada vez mais estou distante de mim
Me perdi
Não sei para onde ir, nem como proceder
Parada aqui não posso ficar, os abutres se aproximam e as dores aumentam 
Vou desfalecer em vida?

sábado, 25 de janeiro de 2014

Alucinação




Perdemos nosso acalento
Nos acostumamos com o caos, massacres.
Aprendemos a contabilizar a morte, arquivar causas e mentir em laudos.
Inventamos doenças, patologias e vendemos as vacinas.
Fazemos compras nas farmácias e estocamos paracetamol.
Nos dopamos de imagens, doses diárias de alienação necessária para a continuidade da barbárie.
Viramos refém dos fantasmas que inventamos...
Estamos a serviço de que? De quem? E por favor alguém lúcido e doente mental nos jogue o caminho,
Prefiro agora as verdades dos loucos internados
Do que dos loucos soltos por algum motivo indecifrável. 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Esquizofrenia




Uma inércia, um mergulho nas profundezas do embotamento de afetividades
Um estado de ruptura estranha que causa uma excitação inesperada que corta o corpo e esmaga o sangue, que confunde os órgãos 
E que me tira do estado mental saudável normal 
Vivo assim sem entender meu corpo na realidade, ou a realidade no meu corpo, corpo, realidade, entendimento 
Me perdi novamente nas palavras e nas ideias
Minhas mãos ganham forças? Ou eu perco o sentido das mãos e da força?
Eu olho e não vejo, abraço e não sou abraçado
Me perdi novamente
Mas tudo isso depende da frieza de dançar do tamanho da rua 
Depende das escadas e janelas!
Que janelas? Do que estava falando mesmo 
Me perdi novamente 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Esperando




O olhar profundo, fadigado mas ao mesmo tempo ainda vivo, revelava que ali se guardava segredos
O estancar da respiração trazia um frescor de brisa em dia quente
A boca fazia leves movimentos, como se quisesse dizer sussurrando em algum ouvido os maiores segredos profundos fadigados de brisa em dia quente
Mas nada acontecia além de um esperar,
Na cadeira de balanço, olhava para um pequeno jardim meio vivo meio morto
Tudo por uma falta de cuidado
Em uma janela suja e trincada refletia seu reflexo
E ela pensava pesado, sou uma velha
Tudo por uma falta de cuidado

Dias profanos




Parecia que a vida não cabia dentro da pele, por isso uma vontade de ir além do que poderia ir. Quase uma criminosa, crimes oriundos, e profundos assim como o canal da sua vagina
Queria transpor a sensação de um orgasmo na própria maneira de viver, e assim partiu se partindo.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Deixa eu dançar




Vem desenhar na minha pele, nas minhas linhas decifrar todo meu esperanto, vem colorir meus seios, dar sentido ao meu sexo!
Segurar no meu quadril, e acariciar minhas coxas!
Vem inteiro, pra eu te receber inteiro
Vem sem demora, mas vem sem pressa! Vem inteiro
Sem vergonha, sem pudor, vem rebolando e dançando
Vem cantando e sorrindo, deixa suas cicatrizes que delas cuidamos mais tarde!
Agora só vem pra mim, vem descobrir meus braços novamente, vem indo e vindo mesmo
Vindo mesmo escorrendo pela minha boca
Rebolando na minha vida, cavalgando comigo nas terras intocáveis
Vem rindo que te quero bem, bem perto de mim
Vamos abrir as janelas e deixar a vida invadir, sem medo das avalanches
Vem planar no absurdo
Comigo

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Meus desenhos, meu altar




No meu corpo sinto na pele as cicatrizes de uma vida, vida minha
Sinto as pessoas que passaram, as pessoas que estão
As alegrias, as tristezas, suor, sangue, as lutas, as imagens...
Meu corpo desenhado meu altar
Feridas abertas ainda jorram pus, outras fechadas guardando momentos, histórias e margens
Cada mancha de pele morena castigada pelos deuses
Varizes verdes pulando pra fora querendo autonomia de mim

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Brinquedo da noite, diversão do dia




Avermelha a boca que é para afrontar a leis impregnadas na respiração diária
Pernas roxas de sucções de alma
Olhos fadigados, de ver e não entender
Mãos calejadas do manuseio dilacerado de uma enxada inchada e cheia de farpa
Frincha  alagada, soterrada de prazeres da humanidade socada no escuro
Corpo no abate de facas, cortes, sangue
Jogadas nas incoerências da vida
Dias e noites, com a borra nas íntimas e a cabeça nas fadas


domingo, 5 de janeiro de 2014

Brincadeira




As piores grades são aquelas que a gente não percebe o começo e nem o fim, estamos profundamente presos, brincando com o invisível para a liberdade inatingível

Mulheres do asfalto




De frente pra ela nossos olhares descansavam, a serenidade de um olhar cansado mas com vida.
O corpo de bela perfeição escondia uma fadiga das noites não dormidas!
A boca semi Aberta sussurrava o vento quente, que eu imaginava que depois de percorrer o corpo inteiro saia como um suspiro de algum tipo de esperança!!!
Eu não apresentava ameaças, até um certo tipo de conforto !
Existia alguma coisa entre o espaço do meu corpo e do dela, uma cumplicidade serena
De sabermos que somos mulheres de ruas, prostitutas do asfalto

Eu




A criança do lado pedindo atenção, e eu pedindo piedade pra vida! 
Pedindo pra que a vida não seja tão cruel, que respeite a carniça 

Eu




Meus pensamentos e meus sentimentos estão embaralhados, enigmáticos !!
Não consigo resolver a minha própria charada