segunda-feira, 17 de março de 2014

Dias sem Órgãos




O Corpo
Dentro do meu corpo a aquarela se desfaz
todas as cores se diluem, os dias laranjas, vermelhos e amarelos
agora se misturaram e a tinta escura começa correr entre as vísceras
tomando conta de todos os canais
A respiração se fragmenta, e acontece uma ruptura entre os órgãos
Algo aconteceu, algo foi retirado
a decepção canta nos meus ouvidos um sim cadenciado e repetitivo
Se instaura um cheiro doce
a língua bloqueia as palavras de fugirem ou de se jogarem da boca
O suor agora corre junto ao sangue
as lágrimas encharcam o coração, que agora lentamente se afoga no seu próprio desespero
O corpo precisa correr e fugir
Mas permanece parado, sentindo todo o estar vivo em colapso
Os nervos em nó e as células se evaporam
O que se foi retirado precisa voltar, ou então esperar
se essa revolução vai maturar ou entrar em plena extinção

Nenhum comentário:

Postar um comentário